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meio nu
meio não
Sangue e olho
Meu sangue tem rio negro
para que eu nascesse entre escravos.
Meu sangue tem afluente branco
ordinário e bastante que predominasse
e cegasse sobre os escravos e enfraquecesse
em alguma importância de si que eu inventasse
mas nunca além da prudência de obedecer.
Porém meu sangue tem também leito índio
profundo antigo encravado
para que eu insistisse na liberdade
para falar língua de bicho
para não adoecer no pior de mim.
Tudo vai derramar na terra no seu tempo.
Não antes.
Tenho disfarces e esconderijos
mesmo de mim
e o bicho caça-se
mas não se mata
engana-se quem pensa.
Quando acontecer
não vou morrer
vou aprofundar no silêncio
e expandir-me olho.
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