top of page

Desejo entrincheira

Ontem quis te desenhar nas paredes,

mas faltaram traços nestas mãos que te desejavam os contornos.

Não importei e te toquei no invisível do mundo.

Tive devassidões sobre visão recordada tua,

uns caminhos precisos de luz e sombra que vi no teu corpo

entrando pela roupa pouca outro dia.

Risos e sons teus te vestiam doce e desvestiam louca,

assim inventada no invisível do pensamento.

Pousávamos na boca e tudo evoluía para fora do lugar,

no entorno, na superfície e no mergulhado da gente:

eu nascia para dentro de ti e tu formou de selvagem irrestrito da vida,

no meu corpo florescida e saltante,

dando-me nascimentos em agonias do bem do corpo.

No natural, quando tais nascimentos e agonias saciassem,

haveria o prolongar de uma noite doce

repousada em pele toda completa oferecida em braços

- nudez misturada com escuro e outro.

Mas no inventado não resta mansidão.

Desejo entrincheira.

Te quero ao claro visível.

© 2024 Direitos Autorais Reservados 

bottom of page